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Economista explica o outro lado da reforma da Previdência

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Maiara Bersch (arquivo/ Diário)

Desde que a reforma da Previdência vinha sendo debatida no Congresso até a entrada em vigor, na semana passada, muitos especialistas em direito tributário vinham criticando algumas mudanças. O motivo: em linhas gerais, os trabalhadores terão de trabalhar mais para se aposentar e, em muitos casos, receberão um valor menor de aposentadoria. Porém, haverá alguma contrapartida aos brasileiros? Durante um evento em Santa Maria, o Diário perguntou isso ao economista da UFRGS Marcelo Portugal. Para começar, ele avalia que "a reforma tirou privilégios de alguns setores e de pessoas que se aposentavam muito cedo", pois o Brasil é um dos poucos países que não têm idade mínima." Segundo ele, isso faz com que "as pessoas de classe média, que não são as mais pobres, tenham idade média de aposentadoria de 55 a 56 anos", sendo que a expectativa de vida de quem chega aos 60 anos é viver até os 82 anos.

- O trabalhador da ativa pensa assim "mas eu contribuí, eu estou pegando o dinheiro que eu botei". Não funciona assim o nosso sistema, que é um sistema de bicicleta, em que quem está trabalhando agora contribui para pagar a aposentadoria de quem está aposentado. E isso é impossível de se manter. O que a gente fez foi colocar uma idade mínima. E vamos combinar: eu tenho 57 anos e, pela idade média, eu estaria aposentado, e isso não faz o menor sentido. Em linhas gerais, não houve prejuízo aos mais pobres, mas a aquelas pessoas que se aposentavam precocemente, e aí está correto de mudar, não é justo se aposentar aos 55 ou 50 e poucos anos, e o resto da sociedade ficar pagando 20 e poucos anos para bancar isso - opina Portugal.

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Ele acredita que uma das contrapartidas da reforma será liberar mais verbas para usar em educação, saúde e infraestrutura, o que beneficiará a população, além de ajudar a economia voltar a crescer, gerando empregos e renda.

- Qual o lado positivo da reforma? É que hoje, a União gasta 57% do total do Orçamento pagando benefício previdenciário. Se a gente não fizesse a reforma, daqui a pouco nós iríamos gastar 60%, depois 70%, 80%, aí nós vamos investir o quê? Só para se ter ideia, em 2020, o Orçamento bota R$ 19 bilhões para investimento, num Orçamento de R$ 1,470 trilhão. Isso dá 1,4%. Por isso que tem viaduto que cai em São Paulo, hospital que não tem esparadrapo, buraco na estrada, etc. É preciso recuperar a capacidade de investimento do setor público, e o jeito para fazer isso é gastar menos com previdência. Isso não vai ser do dia para a noite, mas o lado positivo da reforma é que, ao longo do tempo, vai sobrar mais dinheiro para investimento, e isso vai acabar fazendo com que a economia cresça um pouco mais rápido - diz Portugal.

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